"De forma a construir o respeito necessário e ganhar as mentes da comunidade Internet, recomendo uma receita que não é diferente da que usamos com os nossos esforços com o TCP/IP: adotar, estender e então inovar. Fase 1 (Adotar): todos os participantes precisam estabelecer um entendimento sólido da infra-estrutura e da comunidade - determinar as necessidades e tendências da base de usuários. Só então podemos habilitar os produtos de sistemas Microsoft a serem grandes sistemas Internet. Fase 2 (Estender): estabelecer relacionamentos com organizações e corporações apropriadas com objetivos semelhantes aos nossos. Oferecer ferramentas e serviços integrados compatíveis com padrões estabelecidos e populares que tenham sido desenvolvidos na comunidade Internet. Fase 3 (Inovar): mover-nos para um papel de liderança com novos padrões Internet quando apropriado, habilitar títulos de prateleira com capacidades Internet. Mudar as regras: o Windows se torna a ferramenta Internet de nova-geração do futuro."[1]
Mas o que isso tem a ver com o ODF? Recentemente a Microsoft anunciou que o seu produto Office terá suporte nativo ao ODF já em 2009. Esta notícia foi acompanhada pela outra que a empresa irá participar do grupo do Consórcio OASIS que mantém o ODF. Esta notícia foi saudada por muitos como uma grande novidade, como sendo a capitulação da Microsoft, e outras expressões mais ou menos entusiasmadas.
Pessoalmente, acho preocupante a atitude da Microsoft. Depois de gastar muito dinheiro, esforço e imagem na farsa que foi a aprovação do MOOXML na ISO, ela simplesmente desiste de implementar o formato alegando que não há produtos que o suportem no mercado? E quanto ao próprio Office? Ah, me esqueci que a Microsoft já havia avisado ao mundo que não poderia se comprometer com o "padrão" aprovado.
Mas mesmo assim, será que a empresa acha que o MOOXML, por não ter produtos que o implementem, não merece ser implementado nem pela própria empresa que o criou? Não faz sentido.
Espero estar errado mas isso tudo me parece mais um ciclo da estratégia de adotar, estender e extinguir. Não ficarei nada surpreso quando o Office começar a implementar extensões que só ele é capaz de usar. A princípio, virão como pedidos de funcionalidades ou demandas dos seus usuários. Uma vez estabelecidos, no entanto, serão rapidamente transformados em "padrões de fato", deixando-nos novamente a ver navios, completamente dependentes e presos.