quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Uma questão de cola

Tenho o hábito (mania?) de colecionar os rótulos dos vinhos que tomo. Tenho certeza que não estou sozinho neste hábito (mania?) pois uma pesquisa rápida no Google retorna com centenas de cadernos, adesivos especiais e um monte de recursos para a manutenção da dita coleção de rótulos.

Uma coisa que percebi ao longo da pilha de rótulos e anotações é que a cola usada nos vinhos varia tanto de país para país como de região para região. O Novo Mundo adora uma cola quente, o que facilita horrores na remoção do rótulo. Para estes eu prefiro encher a garrafa com água quente e esperar uns 5 minutos até que o rótulo possa ser simplesmente descolado e recolado na folha da coleção. Simples e rápido.

Já os vinhos do velho mundo... É uma loteria de colas que não tem fim. Há vinhos portugueses e espanhóis usando cola quente. Outros usando colas à base de água para os tintos e algum outro componente sintético para os brancos. Para a maioria destes é possível colecionar o rótulo deixando a garrafa de molho ou usando a tal água quente. Outras descolam o rótulo sozinhas apenas com o suor da garrafa gerado pelo entra e sai do balde de gelo. E mesmo assim há algumas garrafas que resistem bravamente em ceder os seus rótulos, exigindo combinações de água quente, água fria, gelo e até mesmo, em alguns casos extremos, facas e papel contact.

E finalmente, há os franceses. Ah, os franceses. Não sei que diabos de cola inventaram na França que praticamente não deixa nenhum rótulo sair inteiro. A retirada de rótulos de garrafas de borgonhas é uma tarefa que beira a compulsão: Banhos de água quente, de água gelada, testes com solventes... O máximo que consegui em algumas delas foi descolar o rótulo da sua base de cola, deixando-o tão frágil quando um papel de seda molhado que se desfaz e rasga quando o retiro. Algumas páginas da coleção de rótulos mais parecem quebra-cabeças pois tive que colar os pedaços um a um.

Já pensei em parar de retirar rótulos e passar a fotografá-los. Não é a mesma coisa. Há algo de mágico ao ver o rótulo daquela garrafa que tomei naquele dia ao som daquele LP (sim, tenho vinis que gosto muito de ouvir e "reouvir").

Admito e continuo com o hábito (mania?). Vou continuar tentando. Se conseguir descobrir alguma fórmula mágica de retirada de rótulos, aviso por aqui.