segunda-feira, 31 de maio de 2010

Almoço de domingo

Ontem resolvi me aventurar na cozinha. De vez em quando bate aquela vontade de comer alguma coisa diferente que nem sempre vem acompanhada da vontade de ir a um restaurante. Afinal, na maior parte das vezes, deitar em um sofá após um bom almoço é parte indispensável de um fim de semana em casa.

Desta vez ataquei de um risoto de arroz negro com arroz selvagem que acompanhou um salmão na chapa com azeite de oliva. Isso precedido de uma salada de folhas e tomate cereja com quinua sobre um leito de moyashi que ficou muito melhor que eu mesmo esperava.

E, para acompanhar essa aventura com a família toda, arrisquei um Sendero Sauvignon Blanc 2008 , da Concha y Toro. Modéstia a parte, o conjunto da obra ficou muito bom.

O Sendero foi meu companheiro antes, durante e depois do almoço se mostrando um vinho capaz de se apresentar muito bem por conta própria e acompanhando um peixe de mais personalidade, que foi o caso do salmão que preparei.

Os leves toques cítricos reforçam a idéia que há uma coluna que sustenta o vinho. Ao redor desta, toques mais leves, como um pêssego em calda (bem chileno, diga-se de passagem) que ronda à distância sem deixar, no entanto, que o vinho fique doce. A acidez é suficiente para dar o frescor necessário para cortar o azeite da receita do salmão. Uma mistura muito agradável.

A acidez leve e as frutas na dose certa fizeram deste Sendero o companheiro ideal para uma tarde de domingo em casa.

Achei no Pão de Açúcar por R$ 27,00

sábado, 1 de maio de 2010

Haute Côte de Beaune - 2006

Recebi ontem, pelo correio, o catálogo de uma distribuidora de vinhos onde costumo namorar rótulos e, de vez em quando, comprar alguma coisa um pouco diferente e que geralmente me rende uma ou outra bronca em casa pela extravagância.

Neste catálogo, os preços dos vinhos de Bourgogne me chamaram muito a atenção. Não pela oportunidade, mas pelo exagero. Tudo bem que os borgonhas são, por conta própria, uma categoria extraordinaria de vinhos. Mas ainda não cheguei ao nível de pagar R$ 200,00 ou R$ 300,00 por uma garrafa sem sentir um desconforto no bolso. Quem sabe um dia...

Esse catálogo, no entanto, me lembrou o meu primeiro encontro com um Bourgogne. E faz pouco tempo, em Dezembro do ano passado.

Não poderia ser uma estréia mais interessante. O Haute Côte de Beaune é um vinho de mercador onde predomina o que Jean Baptiste Béjot entende que o mercado aprecia. Mesmo assim, é um vinho com alma, com uma acidez confortável que combina com comida e ainda permite que seja saboreado e descoberto por conta própria.

Ao contrário dos vinhos de competição, que se abrem desavergonhadamente no primeiro gole, este borgonha se esconde e brinca com a gente. O sabor está lá, atrás de uma suave camada ácida que não o perturba. Muito pelo contrário, o complementa e o realça à medida que a garrafa é esvaziada.

A outra coisa digna de nota é ver o que se faz com a uva Pinot Noir nesta região da França. Nada a ver com o Pinot "balinha" noir que encontramos vindo de vizinhos mais ou menos próximos. A uva aqui foi tratada com o respeito que merece, resultando em um vinho equilibrado, agradável e sem aquele gosto artificial de confeito de feira.

Em um tempo onde grandes borgonhas aparecem por valores astronômicos, este vinho do Béjot até fica parecendo barato.

Achei na Vintage Express por R$ 80,00