sábado, 1 de maio de 2010

Haute Côte de Beaune - 2006

Recebi ontem, pelo correio, o catálogo de uma distribuidora de vinhos onde costumo namorar rótulos e, de vez em quando, comprar alguma coisa um pouco diferente e que geralmente me rende uma ou outra bronca em casa pela extravagância.

Neste catálogo, os preços dos vinhos de Bourgogne me chamaram muito a atenção. Não pela oportunidade, mas pelo exagero. Tudo bem que os borgonhas são, por conta própria, uma categoria extraordinaria de vinhos. Mas ainda não cheguei ao nível de pagar R$ 200,00 ou R$ 300,00 por uma garrafa sem sentir um desconforto no bolso. Quem sabe um dia...

Esse catálogo, no entanto, me lembrou o meu primeiro encontro com um Bourgogne. E faz pouco tempo, em Dezembro do ano passado.

Não poderia ser uma estréia mais interessante. O Haute Côte de Beaune é um vinho de mercador onde predomina o que Jean Baptiste Béjot entende que o mercado aprecia. Mesmo assim, é um vinho com alma, com uma acidez confortável que combina com comida e ainda permite que seja saboreado e descoberto por conta própria.

Ao contrário dos vinhos de competição, que se abrem desavergonhadamente no primeiro gole, este borgonha se esconde e brinca com a gente. O sabor está lá, atrás de uma suave camada ácida que não o perturba. Muito pelo contrário, o complementa e o realça à medida que a garrafa é esvaziada.

A outra coisa digna de nota é ver o que se faz com a uva Pinot Noir nesta região da França. Nada a ver com o Pinot "balinha" noir que encontramos vindo de vizinhos mais ou menos próximos. A uva aqui foi tratada com o respeito que merece, resultando em um vinho equilibrado, agradável e sem aquele gosto artificial de confeito de feira.

Em um tempo onde grandes borgonhas aparecem por valores astronômicos, este vinho do Béjot até fica parecendo barato.

Achei na Vintage Express por R$ 80,00

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