Há coisas da
natureza que independem da vontade das pessoas para que sejam reais.
Vírus são
uma dessas coisas.
Por mais
que se queira subjugar um vírus a uma ideologia ou a uma visão de mundo, o
curso natural de reprodução desse tipo de microrganismo continua. Independente
de crenças ou de visões de mundo, o vírus segue sua programação biológica e por
mais que queiram sujeitar sua forma de contágio a uma teoria econômica ou
política, por mais que queiram mentir sobre sua letalidade ou capacidade de contágio,
ele segue contaminando populações.
Se há uma
coisa que podemos afirmar sem medo de errar é que o vírus não está nem aí para
ideologias. O vírus simplesmente se reproduz. E quanto mais gente estiver
disponível, mais o vírus se reproduzirá.
Mais
pessoas serão infectadas.
Mais pessoas
morrerão.
Se estamos
vendo pessoas desesperadas buscando formas de pôr o próximo prato de comida na
mesa, não devemos culpar a conjuntura de um lock down necessário. Devemos pensar em
como anos de desigualdade social levaram a uma situação de insegurança social extrema
onde grande parte da nossa população vive da mão à boca sem conseguir gerar um
único centavo de poupança para dias como os que estamos passando. Devemos
pensar em como faremos para que isso não ocorra de novo.
Devemos
pensar em como ajudar estas pessoas neste momento de crise e necessidade.
Uma parte
dessa ajuda está sendo feita através do auxílio emergencial, um reconhecimento
da necessidade da população frente ao desafio da Covid-19. Esse auxílio
emergencial é apenas parte da assistência necessária. Estados e municípios
devem também fazer sua parte e auxiliar estas famílias a sobreviver.
Se pais de
família recorrem à violência para alimentar seus filhos, a culpa, se é que
estamos em condições de procurar culpados e não soluções, é dos governantes que
não foram capazes de prover a assistência necessária para que isso não ocorra. Estamos
vivendo um daqueles momentos históricos para o qual o Estado (com E maiúsculo) foi
concebido. Fora dele, regredimos à barbárie.
Não adianta
falar em abertura de pequenos negócios quando pessoas que os frequentam
começarem a se contaminar e a morrer e os negócios a fechar por falta de clientela,
independentemente da vontade de quem quer que seja. Não adianta abrir uma
academia se não houver pessoas que as frequentem com confiança de que não
morrerão por colocar a mão em uma barra de exercício. Não adianta reabrir salões
de beleza e barbearias por duas semanas se depois disso os clientes não
voltarem mais porque estão doentes, ou pior, mortos.
Se continuam
a falar que a cura não pode se pior que a doença. Minha pergunta é a mesma que
foi feita há dias pelo governador de Nova Iorque: O que é pior que a morte?
E enquanto discutimos
política, o vírus se espalha, contaminando cada vez mais pessoas. Matando cada
vez mais pessoas. Consumindo cada vez mais recursos.
Se o vírus
tivesse a capacidade de humor, tenho certeza de que estaria rindo de nós.
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