Alcayata 2006
Malbec e Syrah
Capucho 2001
Cabernet Sauvignon
Tive o desprazer de me ver incluir no ritual de abertura do vinho a remoção do selo do IPI. Esta excrecência tributária, resultado do lobby da indústria nacional de vinhos que parece ter desistido de concorrer na qualidade com os estrangeiros e resolveu apelar para a burocracia estatal.
Para mim, a exigência do selo está ali do lado da numeração de livros: inútil, cara e não agrega nada para ninguém.
Mas chega de falar de coisas chatas. Vamos aos cortes!
O primeiro corte é argentino. Um corte de Malbec com Syrah que produziu um vinho rico, sedoso, de um violeta profundo com uma forte presença da Syrah no aroma sem, no entanto, perder a personalidade e a força da Malbec.
Como um tango tradicional, o Alcayata é uma forte mistura de paixões. Um vinho robusto que pede companhia: uma boa parrilla na companhia de alguns bons amigos.
Com 14° de álcool, não é um vinho para se tomar sozinho.
O segundo corte não é um corte de uvas mas, sim, um corte em tradições. O Capucho do Casal Branco é um vinho português feito com uvas Cabernet Sauvignon.
Esta mistura luso-francesa resultou em um vinho saboroso, com um equilíbrio surpreendente de taninos que o torna seco e adstringente sem que isso prejudique o sabor.
Com dez anos de garrafa, o Capucho se mostrou sóbrio sem ser pedante; com um aroma ainda presente de frutas, indicando que ainda pode resistir e evoluir por mais tempo em adega, mesmo já estando pronto para beber hoje.
Apesar de permitir ser consumido sozinho, é um vinho que aprecia a companhia de um bom prato, ficando melhor ainda quando acompanhado da berinjela recheada do jantar.
Os vinhos portugueses conseguem manter um diálogo aberto da rolha ao pé e o Capucho não é exceção. É um vinho que confirma a minha impressão que tomar um bom vinho é bater um papo com alguém com gostos semelhantes que ainda não encontramos pessoalmente.
Encontrei os dois na Vintage Express do Brasília Shopping.
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